A Usina de Arte inaugurou sábado, 11 de março, ”Conversadeiras”, nova obra permanente da artista Claudia Jaguaribe
março de 2023
Sobrepondo passados e presentes, “Conversadeiras” é obra que engradece a força dos diálogos na Usina de Arte
Obra da artista visual Claudia Jaguaribe leva conjunto de bancos revestidos de azulejos com sobreposições de imagens ao acervo do Parque Artístico-Botânico do projeto na Mata Sul de Pernambuco.
Conversar; do latim conversartio, se juntar ao outro ou encontrar alguém com frequência. Em tempos de pós-cisões e isolamentos, a artista visual carioca Claudia Jaguaribe propõe esse convite ao diálogo, como a mais singela consequência dos encontros, com sua nova obra “Conversadeiras”.
Trazer o vocábulo “conversa” para o nome da obra assume múltiplos sentidos uma vez que a criação é composta por quatro conjuntos de bancos escultóricos, sendo três de estrutura alta, todos revestidos de azulejos ilustrados com sobreposições de elementos fotografados pela artista. As estruturas que ora são lineares, ora curvilíneas, passam a compor organicamente o mobiliário do parque como espaço de descanso e de contemplação da paisagem, provocando conversas. Estimula também os diálogos em torno de si mesmo, ao combinar elementos pertencentes ao passado e ao presente daquele lugar, que já foi uma usina de cana-de-açúcar.
“Conversadeiras” foi pensada por Jaguaribe para a Usina de Arte por, justamente, criar pontos de conexões nesse marco temporal de quase 100 anos de existência da Usina Santa Terezinha. “Esses bancos-esculturas funcionam como suporte para um material com o qual venho trabalhando, que são os azulejos, e contam um pouco da trajetória e novas propostas da Usina e sua função social totalmente ressignificada. É desse link entre o passado e o presente que vislumbramos caminhos para o futuro”, registra a artista que vem enxergando a potencialidade artística dos azulejos desde a infância. Itens presentes na entrada da sua casa, nos lugares que visitava entre casas de parentes, igrejas e praças do Nordeste.
Não é a primeira vez que Claudia cria para ambientes externos, mas a obra da Usina de Arte apresenta com exclusividade uma nova técnica que permite a perenidade das imagens fotográficas em espaços abertos. Em impressão digital sob forno a mais 3.000ºC, os azulejos que revestem a estrutura de concreto com ferro carregam um palimpsesto eternizado de elementos que espelham a flora e arte popular local, o folclore, períodos históricos, mapas entre outras sortes de referências. Ingredientes que compõem a história de Pernambuco e do equipamento cultural na Mata Sul pernambucana que há quase 10 anos vem impulsionando o desenvolvimento socioeconômico do seu entorno com arte, meio ambiente, cultura e educação. Um ambiente, pois, de conversas entre as pessoas, conversa do que ficou para trás com os horizontes já possíveis.