TÚLIO PINTO
“Athar #5” 2018
Vigas H e vidro soprado
173 x 260 x 780 cm
Athar significa impacto em árabe. A família de trabalhos que leva esse nome apresenta situações mais radicais de carga sofrida pelas peças de vidro que me proponho a usar nos sistemas estabelecidos.
Athar #5 é constituído por três vigas H e uma bolha de vidro. As vigas são posicionadas de maneira a conformar um tripé e seu encontro é interrompido por uma peça de vidro posicionada entre elas, no que seria seu ponto de encontro. Esse trabalho foi pensado para acontecer num contexto arquitetônico, utilizando os cantos de um espaço para escorar os "pés" do tripé. Essa situação foi ativada na exposição MOMENTUM que aconteceu em 2020 no MARGS (Museu de Arte do Rio Grande do Sul). Para a Usina de Arte foi lançado o desafio de instalar a peça sobre o espelho d'água de um dos açudes da Instituição, ativando uma nova camada de percepção do trabalho a partir da duplicação do mesmo através de seu reflexo na água.
“Nadir # quase uma ilha 02” 2021
A série de trabalhos intitulada Nadir apresenta, em diferentes sistemas, lâminas de vidro anguladas, em posição de "queda interrompida". Essa pausa do movimento de queda se dá a partir da interdependência gerada entre o vidro e o sistema de cordas e pedras. Os minerais funcionam como âncora da situação e pêndulo que "escora" o movimento interrompido do vidro. Da mesma forma que Athar, Nadir #quase uma ilha 02 também foi instalada sobre um espelho d'água de um dos açudes da instituição.
Também cabe ressaltar o significado de Nadir.
Em astronomia e geografia, nadir (do árabe nadeer nathir, "oposto") é o ponto inferior da esfera celeste, sob a perspectiva de um observador na superfície do planeta.[1] O Nadir é o ponto diametralmente oposto, na esfera celeste, ao Zênite, que é o ponto diretamente acima do observador no sistema de coordenadas horizontais.[1] Nadir é a projeção do alinhamento vertical que está sob os pés do observador, como se "um furo" varasse o outro lado do planeta. Nadir, cujo prefixo nad tem uma ligação com o sânscrito, significaria canaleta, córrego, ou fluxo do nada. Seria então o canal em que circularia o prana pelo corpo até ao infinito.
Também, nadir quer dizer "raro" em hebraico e em árabe.
A partir desta perspectiva de definição e me apropriando dela de forma poética, entendo que toda Nadir que me proponho a executar aciona, por meio das forças que operam e "escorrem" pelo trabalho, um lugar diametralmente oposto no planeta. Caso existisse um buraco que varasse o planeta, abaixo de cada pedra pendular, por lá escorreria toda gravidade usada pelo sistema como matéria invisível e crucial para a conformação do evento.
Túlio Pinto
Brasília, Distrito Federal, 1974
Vive e trabalha em Porto Alegre, Rio Grande do Sul
cargocollective.com/tuliopinto
Túlio Pinto é bacharel pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e realizou diversas residências artísticas, entre elas o Programa de Residência da FAAP, no Edifício Lutetia, São Paulo (2011); IZOLYATSIA, Donetsk, Ucrânia (2014); além das residências no Lamb Arts, Berkshire, Inglaterra; Phoenix Institute of Contemporary Art, EUA (2015); e no Piramidón, Centre d’Art Contemporani, Barcelona (2018), entre outras.
Realizou diversas exposições individuais em instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, entre elas: Encontros divergentes, no MAC Sorocaba (2021); Buraco no céu, Galeria Millan (2020); Momentum, no MARGS - Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (2019); Ground Control, Humo Gallery, Zurich, Suíça (2017); Onloaded: Túlio Pinto, Phoenix Institute of Contemporary Art, Phoenix, EUA (2015); Diagonal, Museu de Arte de Ribeirão Preto (2011).