IOLE DE FREITAS

“O peso de cada um” 2015

Escultura em chapa de aço inoxidável com 900 kg
2,50m alt x 7,00m larg x 2,20m de profundidade.

Esta obra integrou a exposição do MAM no Rio de Janeiro em 2015, “O Peso de Cada Um”. As chapas de aço inox, cuja resistência é significativa e a maleabilidade difícil, demandam intensas torções e cálculos cirúrgicos de engenharia, devido à rigidez e peso do material. Apesar das especificidades do material, porém, algumas esculturas ficaram suspensas no ar (como a que hoje se apresenta no solo da Usina de Arte), evoluindo no espaço como uma imponderável dança aérea, contrapondo-se à ideia de leveza e movimento ao seu peso original, com uma linha tênue entre o gestual e o geométrico, ou entre a expressividade e a precisão formal.

Entre o espelhamento turvo de um lado da placa e a opacidade do concreto do outro, a própria materialidade desta chapa de aço se delineia como um corpo simultaneamente rígido e fluido, que ora absorve e reflete o exterior, ora se afirma como obstáculo radical aos olhos. À imagem móvel que já se tinha das formas dançantes no espaço, acrescenta-se mais um índice de sua aparente volatilidade. As esculturas de Iole estão sempre evocando fluxos de passagem, de um lugar para outro, de dentro para fora ou vice-versa, da realidade concreta do objeto para o vazio. O espaço permeia as esculturas, entra e sai delas, envolve suas superfícies e é envolvido por elas, em um implacável trânsito circular. A obra de Iole de Freitas implica, ao mesmo tempo, linha e volume, corpo e membrana, tensão e distensão, parede e ar. Suas esculturas parecem querer constantemente ir além de seu perímetro, ir além, sair de suas fronteiras e evoluir para outros espaços, dialogando com a arquitetura e a paisagem. Na obra que hoje está na Usina Iole também ama a forma como sua escultura dialoga com as demais obras do acervo.



Iole de Freitas
Belo Horizonte, Minas Gerais, 1945
Vive e trabalha no Rio de Janeiro
www.ioledefreitas.com.br Após ter nascido em Belo Horizonte, com seis anos, Iole muda-se para o Rio de Janeiro, e inicia sua formação em dança contemporânea. Estuda na Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), de 1964 a 1965. A partir de 1970, vive por oito anos em Milão, Itália, onde trabalha como designer no Corporate Image Studio da Olivetti, sob a orientação do arquiteto Hans von Klier, de 1970 a 1971. Passa a desenvolver e expor seu trabalho em artes plásticas a partir de 1973.

Iole absorve imediatamente a urgência transformadora do ambiente ao qual reage com sua investigação inicial em seus filmes, fotografias, performances e esculturas. Para esta ex-bailarina (durante 25 anos), todas as suas criações falam de movimento, ampliando a área do corpo, falam de luz e sombra, leveza e peso.